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Aqui na Polímatas temos ouvido uma boa quantia de histórias de negócios sendo fundados e se desmanchando (ou mesmo se tornando novos negócios) devido aos seus fundadores. Tivemos um evento em 2016 dedicado a essa relação entre sócios, quando o Alejandro Winocur, da Way Beer, comentou sobre a dor de cabeça que ele teve com seu sócio – e por não ter criado um acordo de acionistas, o que quase lhe custou a empresa.

O maior problema que vemos é quando os sócios não se conhecem muito bem. Em vez de tomar o tempo para fazer uma integração, o foco é no desenvolvimento da empresa de forma rápida e rentável. Não tinham trabalhado juntos antes e não se conheciam os valores um do outro. No entanto, uma vez que começaram a trabalhar em conjunto, rapidamente ficou claro que suas maneiras de fazer negócios eram totalmente diferentes – tratando de funcionários, clientes e dinheiro. Tudo parece ótimo no papel, mas as questões surgem quando colocadas em prática e as personalidades reagem a várias situações.

Assim como um casamento que inicia como um mar de rosas, uma sociedade pode rapidamente se transformar em brigas, processos judiciais e falência. Antes mesmo de começar uma parceria de negócios, reflita se você precisa de uma. Se você decidir que é uma boa ideia, certifique-se de obter a melhor combinação de seus próprios valores, metas, estilo de liderança e habilidades. Porque uma vez que você se torna sócio de alguém, será muito mais difícil desfazer do que foi criar.

Confira 8 pontos a considerar na hora de escolher um sócio para abrir sua empresa.

1) Confiança.

Este é o primeiro na lista por um motivo. Sendo sucinto: você confia neste indivíduo com sua conta bancária pessoal? Se a resposta for “não”, pense duas vezes. Como sócios, vocês terão que ter confiança que um cuidará da saúde financeira do outro, principalmente se estão começando um negócio juntos – supondo que uma das finalidades desta parceria seja a de se manterem full time na empresa futuramente.

2) Amizade.

Se a pessoa é um bom amigo, certifique-se de que seus objetivos, valores e responsabilidades estão alinhados com os seus. Não assuma apenas porque você se dá bem como amigos que eles estarão. Dê uma olhada em sua vida pessoal, como ela é e as decisões que a pessoa tomou. Problemas pessoais são difíceis e podem facilmente complicar sua vida profissional. Se houver alguma dúvida, não faça isso. Todo mundo terá algum problema eventualmente, a diferença está em como cada um lida com ele e como traz isso para o ambiente profissional.
Se você tem um histórico de discordar com as decisões do possível parceiro, esse é um indicativo de que haverão problemas futuramente.

3) Faça um “período de testes”.

Selecione uma pessoa com quem tenha experiência laboral, ou numa organização sem fins lucrativos ou em um projeto. Você deve saber como elas são em uma equipe e como reagem em situações difíceis. Se você não tem nenhuma experiência com um sócio potencial, faça um teste por um período de tempo especificado antes de finalizar a parceria. Coloquem metas, criem projetos e estipulem prazos durante esse tempo. É importante que seja algo com começo, meio e fim, uma vez que todo projeto é mil-maravilhas no começo, mas a verdadeira face (não necessariamente ruim) aparecerá depois, com a rotina.

4) Um sócio ou uma contratação?

Não faça sociedade com alguém apenas porque você não pode se dar ao luxo de contratá-lo. É melhor juntar dinheiro ou fazer algum acordo para tê-lo como consultor do que dar uma parte da sua empresa ou descobrir mais tarde que ele/ela não é um bom sócio para você. Sem contar que, dependendo do caso, pode ser que você sinta a demanda de uma sociedade por não possuir um conhecimento específico que será necessário pontualmente, e não indefinidamente, o que seria caso de uma parceria.

5) Um mix de habilidades.

Tenha certeza de que os pontos fortes de seu sócio e os seus são complementares. Se você tem duas pessoas que são boas nas vendas e que não são boas em executar em um nível operacional, será mais desafiador do que você pensa. É muito melhor trazer alguém que irá estender os seus próprios conhecimentos. Para crescer de forma lucrativa, mantenha algum equilíbrio. Note que utilizamos o verbo “estender” e a palavra “complementar” – vocês não devem ser opostos, um mito comumente associados à sociedade. Vocês não serão completos sozinhos, mas é importante que ele te dê algum empurrão em alguma tarefa e vice-versa.

6) Equilíbrio de responsabilidades.

Falando em equilíbrio, vem a parte das tarefas do dia-a-dia. Ambas as partes precisam concordar logo cedo quais são suas responsabilidades na empresa e cumpri-las. Se uma pessoa continua tentando assumir o controle e fazer tudo ou acaba fazendo muito pouco, então a sociedade começará a ruir e os sentimentos de ressentimento aparecerão.

7) Dinheiro.

Assim como no casamento, o dinheiro pode se tornar um problema gigante em uma sociedade comercial. Portanto, concorde no início como vocês usarão o financiamento que vocês levantantaram e como os lucros serão distribuídos. É importante deixar isso extremamente claro, porque enquanto tudo estiver bem, ok, mas quando momentos de dificuldade chegarem, o assunto pode ser trazido à tona e gerar um desconforto grande.

8) Acordos de sócios.

Decida uma fórmula para determinar o valor da empresa se um sócio decidir sair para evitar desentendimentos. Os acordos de compra/venda são incrivelmente úteis para discutir todas as possibilidades e como elas serão tratadas antes de se tornar realidade.

Por que isso é tão importante? Porque um grande negócio pode ser gravemente danificado por uma sociedade ruim e nunca atingir seu potencial total. Iniciar uma empresa e/ou uma sociedade é uma experiência emocional. Ao fazer sua diligência, afaste suas emoções e assegure-se de que tudo se alinha e tenha o potencial de permanecer alinhado.

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