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Três jovens empreendedores decidiram criar uma empresa em cima da premissa que YouTubers que tinham milhões fãs poderiam ganhar muito dinheiro através de lojas on-line. Na prática, as coisas não foram bem assim. Quando viram que o modelo não tinha muito potencial de crescimento, decidiram focar seus esforços na assessoria de produção de conteúdo para YouTubers. Conversamos com Lila Beirith, uma das fundadoras do negócio para saber como foi a história de criação da Coletive, a primeira uma aceleradora de canais no YouTube do país.

Formada e pós-graduada em Farmácia, a Lila passou em um concurso público da prefeitura de Curitiba ainda jovem. Como trabalhava na sua área de formação e tinha estabilidade no emprego, nos primeiros anos parecia que estava no caminho da felicidade. Entretanto, quando ela foi realocada para trabalhar em um hospital municipal, algumas coisas que a incomodavam começaram a se amplificar.

O ambiente hospitalar exigia funções manuais e repetitivas. A mistura de serviço público e procedimentos operacionais da área da saúde impediam qualquer iniciativa inovadora ou criativa. O excesso de rotina começou a ficar estressante e causar infelicidade. O salário garantido no final do mês ajudou a aguentar algum tempo a mais no emprego, mas a Lila precisava encontrar alguma outra coisa para fazer da vida onde pudesse exercer a sua criatividade de forma mais livre.

No carnaval de 2015, ela viajou com um amigo, o Ricardo Almeida, que ajudava na produção dos vídeos de uma das maiores YouTubers do Brasil. Assim que ele mencionou um projeto de e-commerce para vender produtos dessa influenciadora digital, a afinidade foi instantânea. No mês seguinte Lila saiu do trabalho e já em abril daquele ano, junto com o amigo que apresentou o projeto e um outro sócio (Leandro Kadanus), começaram a colocar o projeto em pé. Uma quarta sócia, Virgínia Crema, entraria para a empreitada alguns meses depois. A loja foi para o ar em agosto daquele ano.

Um e-commerce para YouTubers

A ideia inicial da Coletive era montar e-commerces para monetizar a audiência de YouTubers famosos. Com os lucros dessa atividade, eles iriam investir na melhoria do conteúdo gerado pelo canal que, por consequência, iria gerar mais audiência e mais vendas de produtos. Na teoria, era um ciclo perfeito. Não havia como dar errado.

Mas, no mundo dos negócios, quase sempre a prática é bem diferente da teoria. Esse caso não foi diferente. O negócio chegou a atender três YouTubers diferentes. As vendas não eram ruins, mas também não chegavam nem perto do esperado para famosos da internet que chegavam a ter milhões de fãs. Mais ou menos na época que decidiram que aquele negócio não tinha muito futuro, a maior parceria deles pediu a rescisão do contrato. Em três meses queimaram o estoque de produtos e colocaram a Coletive em uma nova direção.

Desde que abriram a empresa, existia um braço de produção de conteúdo para YouTube. Apesar de ser tratado como uma atividade paralela, ele foi se desenvolvendo de forma constante ao longo do tempo. Enxergaram que esse produto tinha maior potencial de longo prazo e focaram todas as energias nele. A Coletive, uma empresa de monetização de YouTubers que também produzia vídeos, passou a ser uma empresa de produção de conteúdo para YouTube que também ajudava a monetizar alguns dos seus clientes.

O modelo que deu certo

Como grande parte da equipe trabalhava com atividades de e-commerce, todos precisaram se reinventar para que o negócio continuasse vivo. A própria Lila, largou sua função desenvolvendo produtos para as lojas virtuais, e foi estudar produção de conteúdo para marcas e influenciadores digitais.

No mesmo mês que rescindiram o contrato dos e-commerces, tiveram a sorte de fechar suas duas primeiras clientes para produção de vídeos para o YouTube a ex-BBB Clara Aguiar e Rafa Gomes, finalista do The Voice Kids. Desenvolveram novos produtos para conseguir atender clientes de diferentes perfis. Hoje eles fazem consultorias pontuais, tem um plano de produção de conteúdo e um plano “starter” para novos YouTubers que ainda não conseguem investir muitos recursos nos seus canais.

Quando começaram com essa atividade de gestão de canais de YouTube, eles eram um dos únicos no Brasil e fizeram um ótimo trabalho de Relações Públicas. Acabaram saindo nos principais jornais do país, o que levou a marca a ficar conhecida. Até hoje, a maioria dos clientes vem de forma passiva atrás dos serviços da empresa. Uma das principais prioridades hoje é conseguir prospectar novos clientes e realizar vendas ativas.

Metodologia de trabalho

O trabalho que a Coletive presta junto aos criadores de canais no Youtube é de uma assessoria completa. Primeiro eles fazem um mapeamento de quais as dores, as dificuldades que os influenciadores digitais têm na hora de produzir conteúdo. Isso pode variar desde coisas mais simples como organização de agenda até questões mais técnicas, como edição das gravações. Também é realizado um trabalho de identificação de quem é o público-alvo que consumiria aquele conteúdo, para desenvolver melhor o formato dos vídeos e criar estratégias de divulgação.

A partir desse planejamento, o próximo passo é ajuda seus consumidores a gerenciar os seus canais do YouTube como uma empresa. Planejam atividades, cobram responsabilidades, testam hipóteses, fazem revisões de rumo. Ou seja, uma assessoria completa. Assim que o canal começa a ganhar relevância, eles também listam empresas interessadas e vão atrás de patrocínio através de merchandising.

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